Cão Vadio [dedicado à poetisa Maria Tereza Horta]

Data 19/09/2012 11:28:20 | Tópico: Poemas

Já me enoja o sabor do meu sangue,
Cão combalido que lambe as feridas.
Vagueio de nariz no chão no olfacto dos aflitos.
Range a fome no meu estômago sem fundo.
Os olhos afundam-se-me na raiva.
Cheiro a vingança desmedida.
Pelo eriçado face às sombras dos caminhos,
Tenho orgulho em ser um cão vadio,
Outros sucumbem ao medo da liberdade
E sentem orgulho em serem apenas escravos.


“Na realidade eu não poderia, com coerência, ficar bem comigo mesma, receber um prémio literário que me honra tanto, cujo júri é formado por poetas, os meus pares mais próximos - pois sou sobretudo uma poetisa, e que me honra imenso -, ir receber esse prémio das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país”[…]
“Sempre fui uma mulher coerente; as minhas ideias e aquilo que eu faço têm uma coerência”[…],“sempre lutei pela liberdade e pelos direitos dos trabalhadores”.[…]
“o primeiro-ministro está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril [de 1974] e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural”[…]
“Não recuso o prémio que me enche de orgulho e satisfação, recuso recebê-lo das mãos do primeiro-ministro”



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