Movimentos repetidos

Data 10/10/2012 19:43:05 | Tópico: Poemas

Talhados nos vértices do dia
dedilho a decadência das esferas
que me inibiram…
O declínio do relógio
na torre mais alta
dos olhos agasalhados,
nas ameias das janelas
semicerradas
as vozes cruzam-se
talham os mesmos atalhos
sem nome,
gestos incompletos
em cada olhar
uma palavra afiada,
em cada gume a mesma corrida…


Movimentos repetidos
invertidos
nos sentidos infames
dos lábios abertos
com frases feitas
no rodopio dos anos,
obras inacabadas
pedaços igualitários
nas balanças sem prumo
no meio do senso comum…

Parto na água das palavras
com o posfácio
esboçado no sótão das memórias,
onde o tino se afina
liberta os escravos
esfumados das mortalhas
no espelho do sol
que reflecte uníssonos da lua
na clave nocturna
em que o silêncio
me perfaz todas
as consonâncias dos malabarismos
de uma classe sem pejo no rosto.





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