
NOVEMBRO
Data 03/11/2012 02:10:15 | Tópico: Poemas
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Aproximo-me com certa distância do mês de novembro, querendo coisas esquecidas no fundo dos bolsos, buscando a mim e em mim apenas salvação e promessa.
Este corpo que está um ano mais velho não está cansado de viver ainda. Está mais incompreendido, mais trancado, mais arisco.
Há vida após a vida.
Morri com minha filha em meus braços, e nos braços de minha mãe, Morri no colo de minha irmã e com a minha sobrinha em meu colo. Eu sou quase eu mesma com um pouco mais de sal.
Novembro assusta-me.
O que é o porvir?
Aguardo os dias com as mãos sobre o peito: não quero que ninguém ouça o barulho do meu coração quando eu sou do tamanho de uma lágrima.
Sento nas consoantes de novembro caçando dias com claros enigmas e mansidão porque a vida precisa de ilusão também, porque sou uma pastora de nuvens.
Karla Bardanza
Este poema é dedicado às mulheres de minha família.
Copyright © 2012 Karla Bardanza
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