infindo

Data 03/11/2012 03:44:01 | Tópico: Sonetos

soneto
lançam-me à cova dez mil braços em tumulto
repartindo entre si tesouros duma vida
achada em calhamaços e folhas partidas
donde se encontra pouco mais que mero vulto

tampam-me o caixão e não ouço mais insultos
solene adentro a escuridão oferecida
em total solidão a não ser parasitas
a roer-me a capa e alguns papéis avulsos

mas algo à deriva de mim cá permanece
ao longo de vidas que florescem e falecem
cultivada pelo espanto de novas vozes

do canto onde repouso ouço-lhes o canto
e sempre que posso ao seu clamor me levanto
e o mundo inundo de leitos, rios e fozes




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=234564