Engenho, estro, dessossego e alento

Data 03/11/2012 19:38:36 | Tópico: Sonetos

ENGENHO, ESTRO, DESSOSSEGO E ALENTO

Espalha o grão que justifica o vento,
Quem atravessa esse fecundo averno
Do lavradio excelso de quaterno:
Engenho, estro, dessossego e alento.

E sabe a noite o ventre do poema,
O vate, a pena que lhe aflige o impulso,
Sabe o silêncio, do sussurro expulso
Do peito-éden, sem culpa ou dilema.

Águas revoltas não espelham círios
Nem adormecem barcos morredouros,
Mas erguem proas em canto e martírio.

E marés lisas não são bom agouro,
Estagnam céus e apodrecem mágoas,
Submergem brilhos, desiludem ouros…

Feliz do vento, que fecunda as águas!



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