
Vagina dentada
Data 04/11/2012 13:01:50 | Tópico: Poemas
| Vagina dentada, Escancarada A qualquer fluxo, Caudal anônimo De caras e de pênis, Exibição e charme, Feito artigo de vitrines, Mas no fim: solidão, Camada de carne, De lábio e asfalto, Elevando tapume alto E muros feitos De cimento e de murros.
A que horas deitar? A que horas amar? Mas sempre trabalhar, Devorados, seta ferina Na carne encilhada, Inflamada ferida – Grito, dorida anti-voz, Abafada, contra o rito, Pelo mito, Pênis mordido Por dentada vagina.
Boca sifilítica A excretar purulenta Pruridos, gonorréias, Pequenas mortes Paralíticas, Virulentas panacéias Contra o membro Rígido, ereto Em busca de afeto Num paraíso perdido - Teatro obsceno De deleite e venenos.
Amor ou tesão? Apenas fluxo! Chafariz de repuxos De pressa e de ódio. Pergunta-se: - “O que fiz?” Mas estica sempre a cerviz Sob a camada dura De raiva e de murros – Ferida aberta, Sem atadura – Enquanto goza e mente Semente amputada Na vagina dentada.
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