De dentro para fora

Data 04/11/2012 17:55:13 | Tópico: Poemas -> Sociais

Lá fora,
onde era suposto haver poesia,
o homem de bem jaz em agonia.

Não sabe que existem estrelas no céu
e mesmo as cadentes, ainda que as olhasse,
em seu lugar veria, jamais a beleza
tão somente a neblina dissimulada
em total ausência de luz e harmonia.

Lá fora,
mesmo que a chuva caia em melodia
e o trovão rosne zangado nos céus,
já nada comove o homem de bem,
que, de tão cansado, não enxerga a magia
quando a lua de prata lhe sorri também.

Se ao menos pudesse chamá-lo à razão
dir-lhe-ia que tu... não és diferente,
o que tens é a doçura que te invade a alma,
um sorriso intacto, essência de gente.

Por isso, lá fora
nos tempos que correm,
liberdade é só uma mera utopia.
Sente-se a revolta, a indignação
do homem a quem roubaram a alma,
ou a dignidade, em forma de vida.

Marcha agora, digno, na luta (in)glória
De reconquistar o direito à esperança
E à equidade na qual acredita.

Mas, aqui tão perto
à beira de ti,
deixando, lá fora, o que me entristece,
basta-me um sorriso, tão cheio de luz,
para me encher o dia, daquela poesia
que, por mais que busque...
só em ti encontro e sei que é para mim.

Maria Fernanda Reis Esteves
52 anos
natural: Setúbal



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