
Normalidade Crónica
Data 25/11/2006 00:25:21 | Tópico: Poemas
| Ouvem-se acordes trágicos no centro da cidade, Vermelhos, tais olhos raiados de sangue chorado Por crianças e mães negras, campeãs de infelicidade. Chove do céu um prenúncio tardio de um mundo acabado. Ouvem-se acordes trágicos debaixo de uma parede Que se abateu sobre os alicerces de algo errado Desde um princípio fetal tão crónico como a sede... Tocam-se as dúbias margens do absurdo Quando se consegue destruir o que é verdade. Ouvem-se acordes trágicos de um coração silenciado Por trepidantes bocas, frias e imparcialmente loucas... Gritam as vis entranhas dos seus corpos manobrados, Fabricados, oleados sem que fiquem roucas, Afónicas, caladas, silenciadas...
Ouvem-se acordes trágicos no centro da cidade, Encarnados, tais rosas manchadas de luto avivado Por vozes trajadas de retórica e leviandade. Ouvem-se acordes trágicos de um sacrilégio calado. Ouvem-se acordes trágicos no centro da cidade.
Valdevinoxis
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