Os poetas, os bastardinhos e as parideiras

Data 23/11/2012 14:55:54 | Tópico: Poemas


Rasteja a língua molhada,
ensalivada,
viscosa
deixando o muco translúcido
amarelecido pelo parir diário de trigémeos,
limite máximo de bastardos
permitidos na parideira.
Vêm acometidos os bastardinhos
de doenças múltiplas
acentuados pela falta de higiene das línguas,
suínas,
aziagas
que lhe sorvem a placenta peganhenta ao nascer.
Em cada dia que novos bastardinhos nascem
de roupas usadas os vestem,
no repulsivo acto de banho tomado
e cuecas sujas vestir.
Perde-se na memória os bastardinhos nascidos
e quando se repetem
as águas da bolha que lhe rebenta pelas coxas,
ninguém nota que sobre aquela ponte
as mesmas águas
vão mover os mesmos moinhos.





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