Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de que? Você tem fome de que?...
A gente não quer só comida A gente quer comida Diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída Para qualquer parte...
COMIDA - Titãs
Não poderia ficar impassível a algo que li há pouco: coração com fome de me ter... Algures... É que algures também é indecente. Quase um palavrão. O jeito é sugerir mais duas categorias de poemas: vulcânicos e indecentes. Vulcânico é auto-explicativo, indecente é o que fere os ouvidos, e pisa na língua-mater com o desprezo de um filho ingrato. Não sou contra o derramamento poético como forma de catarse, ou cada um chora por onde sente saudade, não necessariamente nesta mesma ordem. Também acredito na democracia e nas confrarias do tipo quem tem amigo não morre pagão. Acredito na ridicularidade democrática que afeta a todos nós, sem exceção. Sou extremamente ridícula na minha solidão, bebendo minha champagne à beira do Siena, e o meu eterno e inoxidável mordomo Jack, ao lado, feito uma múmia paralítica, e seu traje que o assemelha a um pinguim, fugido daquele filme... de mesmo nome ridículo. Para descombinar total, ouço um Pepino di Capri a cantar champagne Quer coisa mais kitsch? Ai que dói. Dói essa humanidade toda de que somos feitos, entre a tragédia e a comédia pastelão. Veem que isso tudo dá fome e sede, e evidente que há comidas e bebidas que combinam com esses estados de espírito. Nunca experimentei, mas não sou de fricotes,porém imagino que ponche de vinho sangue de boi com buchada di bodi (que é assim que se fala), seja uma exótica combinação para outros momentos do tipo “pisada na jaca”. Minas gerais, estado desse imenso Brasil (grande e bobo), tem comidas fantásticas para momentos “trash”,ou escorregadas no quiabo: a famosa vaca atolada, cueca virada, mané com jaleco. A ridicularidade gastronômica é universal, até na comida árabe, com o famoso mijadra (arroz com lentilha e penne). Há que ter cuidado ao pedir,. Não vá logo pedindo uma mijadra. Vai que o garçom é novo.. . Sobre o penne, ah que perigo... Atente ao plural. Não vá fazer como uma amiga da minha irmã, após comer o dito cujo e dizer com o coração: “Que maravilha! Comemos um penne incrível. Estava tão bom que pedimos dois pennes! É o próprio coração com fome de me ter. Ulalá! Mon Dieu!
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