A tarde

Data 30/11/2012 06:19:14 | Tópico: Poemas -> Saudade

A tarde desnuda-se,
despede-se e explora
um poema concreto
escrito no chão.


Os pés iluminados pelo sol
bambeiam na Linha do Equador.


O direito colado em nuvens,
o esquerdo calça meias azuis.


A tarde desgruda-se dos meus ombros.
Cansado, espero amores abondonados
antes dos temporais do meio-dia.


Não uso botas de lã.
Caminho no invisível.

Há metafísica demais
nos bolsos sem grana.

Insisto em lembranças:
uma velha calça Lee.
Placa furadas indicam:
New York é logo ali.

Camisas desbotadas;
vestem saudades de luares
e ruas.

Ventos sopram a pele;
lambem as tatuagens,
dragões e serpentes.


Ventos cortam fios de seda,
espalham a poeira do mês,
guardada na sola dos pés.


Sinto o cheiro azedo de Londres.
Espalha-se o eco das guitarras
nas portas dos bares fechados
às seis.


Passos desviam-se dos cacos de copos.
Deslizam os dedos nas curvas das taças
cheias de rum, pedras de gelo e limão.



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