O mar morre até onde os meus olhos alcançam e o infinito desfaz-se delicadamente. Minha vista sente o que não preciso dizer e por alguns instantes, a música dos oceanos morre dentro de mim. Eu sou água apenas.
A correnteza arrasta-me para o mais profundo de mim, para ignoradas profundezas, para o todo que desconheço. Leve-me. O amanhã é a ilusão do hoje. Leve-me. Flutuo pela vida em líquido afeto. Meus cabelos traçam desenhos, meu corpo levita: estou em paz.
Estou no útero de minha mãe, sentindo e sendo sentida. Estou dentro da vida e a vida é o mar pulsando em minhas entranhas, é essa entrega de pele e compreensão.
Mergulho em águas raras, em sentimentos gentis, em mim mesma e não há nada que possa expressar essa mansidão, esse abraço afetuoso do mar. Não vejo, não ouço: estou além deste agora e dentro do oceano, estou no céu.
A hora é suave, a hora dilue pelos meus dedos, pelo meu corpo, pelo meu pensamento que nada mais pensa e a minha única verdade é que eu não sou mais eu. Eu sou o universo. Eu sou parte do corpo da Deusa. Eu sou tudo que é sagrado. Eu sou a irmã das estrelas.