Anjo de Liberdade
Data 03/12/2012 17:24:11 | Tópico: Poemas
| O Anjo negro da noite vestiu-se de bruma, e declarou minha inocência. Calou vozes veladas que gritavam ainda no fundo da infância, olhou com Serenidade e Libertou-me!
Não me reconheço agora! Sou além dos gritos, além do desespero, além da noite-do-Espirito coberta de pedras! Tantas pedras ... Quebrou-se o velho-espelho, foi-se o seu reflexo, fiquei sem Passado!
Morreram todos! Todos morreram ...
Só Eu fiquei num fundo que não conheço, numa Vida que não sabia! Tão só ... entre tábuas ...
Só mas Eu! Além do nada que me fizeram querer que era. Eu mas só! Sem ninguém que me partilhe ... Eu-só! Mas sem Esperança, na Esperança de te Amar, de um dia me encontrar!
Partiram Todos! Todos partiram ...
Mas será que este dia não tem fim?!! ...
Medo e Alegria, coragem e tristeza sentam-se à mesa do meu Ser: comem-me!!! Alimentam-se da minha Alma, devoram a minha carne, bebem do meu sangue ... ... lá fora, as gentes, sepultas entre campas vazias, sob tábuas de medo, arrastam-se!
E Eu, recolho ... porque haja o que houver sempre ficarei no fundo do meu Ser pois nada nunca será maior que o meu Ser-sem-fundo!
Ricardo Louro
no Chiado em Lisboa
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