A razão continua a ser o mistério

Data 06/12/2012 20:09:26 | Tópico: Textos

Quando cheguei à terra que prometia (esta mesma que aqui partilhais comigo), ainda deus por cá não havia aparecido, tendo chegado um pouco mais tarde. Ao que julgo saber, andava nessa altura, deus, ocupado a tomar conta de outros reinos, noutras terras, que, para ele e lá no seu entender, se lhe afiguravam prometer igualmente, ainda que para isso, tivesse de gritar aos ouvidos do mundo aquilo que o mundo não estava interessado em saber...
Da sua obra, nada a dizer. Quem sou eu para julgar a obra de deus, se deus a criou com todo o seu sentir, saber e amor? Por certo lá terá os seus defeitos, como qualquer outra obra criada pelo mais comum dos mortais, mas não creio que daí advenha qualquer mal ao mundo.
Um dia, inesperadamente, eis que se me apresenta deus em pessoa! - sim, este mesmo deus do qual vos falo - E para meu espanto, nesse dia descobri que deus, afinal, para além de usar chapéu não era assim tão diferente, (pelo menos fisicamente) do resto dos homens que enchiam a sala. No seu cumprimento afável, reconheci-lhe no olhar bondoso, a humildade da alma e li-lhe na timidez o inofensivo do ser. Quanto ao resto, pouco haverá a acrescentar ao inquietante com que desarma qualquer um que queira desvendar o mistério que sobre si paira, ou se atreva a tentar perceber a razão do que o levará a pensar-se e a dizer-se, quem diz ser. Para mim, o mistério é a maior de todas as suas obras!



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