Secura ilimitada

Data 06/12/2012 21:13:38 | Tópico: Poemas

Foi vertido o líquido incolor no copo da sofreguidão, onde a sequiosa razão da subsistência não envereda pelas sedes da loucura e transmite o receio de cada voz oprimida. As secas gargantas já não premeiam as audiências com o som de suas falas e o líquido consumido é insuficiente para tamanha secura. A consternação evidencia-se e é latente o sentido da prepotência descabida. As águas passam lestas por entre as muralhas do desassossego, sendo inoperante o receptivo contributo para as poder parar, na separação de toda a inquietude. Não existem mais canais de absorção e o líquido escorre paralelamente à sua necessidade, no seu resoluto percurso. A vingança fertiliza-se no estado de alma de cada ser onde impera a sequidão e vai sustentando-se, fortalecendo seus tentáculos. O polvo espreita o momento exacto para novo ataque, perante a indiferença generalizada.


António MR Martins



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