Gestos inúteis

Data 03/12/2007 20:24:55 | Tópico: Poemas

Gestos inúteis,
absurdo ângulo que ao vento se flectia,
quando
a voz embargava líricas de canto
em janela aberta no ventre do rochedo.

Inútil o beijo,
o aceno imune e largo,
penhorado por sobre braços de giestas luzidias,
nuas de folhagens,
adelgaçadas ternuras de crianças
compelidas livres à raiz pálida dos medos.

Inútil
se ressurgidas d’ ânsias estimuladas,
rodopios impubescentes em comuns danças,
no negro de um pavio a pespontar a tarde
perenemente rugosa e densa.

Desfaço na noite a química e a magia,
arresto-me à cinza morta de um novo dia,
sendo
dor de dor, na dor dos dedos
em que se encruzilharam as tuas asas
absurdas de morcego.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=23722