O Dia Do Fim

Data 11/12/2012 20:06:27 | Tópico: Textos -> Outros

Hoje quase acordei, depois de uma noite quase em branco, por mais escura que a noite tivesse sido, e deparo-me novamente com o domínio do teu fantasma a pairar sobre os meus pensamentos, sobre os melhores e sobre os piores.
Consigo quase sentir-te a penetrar-me a alma no meio desta guerra interior que me consome mas que sinto que hoje terá o seu fim. Nesta dor insana que tem hora marcada para o seu poético e quase épico final, neste pedaço de mundo no qual ainda coabitamos, o meu mundo, aquele que um dia foi o nosso mundo, cheio de esperanças e quase promessas de um futuro além-fronteiras dos muros da minha e da tua cidade.
Hoje serei mais leve, depositarei o teu peso no baú das recordações boas, lembrar-te-ei como sempre o quis fazer… Com aquele sorriso que só tinhas e que apenas tu o repartias comigo em igual parte, aquele abraço que me despiu de mascaras e muros na primeira noite, com aquele olhar que me desvendou e desarmou como mais nenhum outro fizera.
Consigo quase flutuar neste mar de lembranças agridoces, consigo remar por cima do turbilhão de sentimentos que ainda me transbordam e que medicamente estão controlados, quase domesticados. No meio deste entulho de coisas boas e más que partilhei contigo persiste o amor, aquele sentimento que despertaste em mim sem que eu sequer acreditasse nele, o sentimento que me acompanha dia e noite e que me atormenta e transforma todo o meu ser numa frágil e simples peça de vidro pronta a ser esmagada e estilhaçada pela tua gélida ausência.
Hoje deixarás de me pertencer, de pertencer ao cantinho especial que existe neste coração que outrora fora forte e impenetrável. Hoje deixarei de ser tua pertença, deixarei que as amarras deste sentimento se desprendam, que este nó se desfaça, mas que aquele laço perdure até ao fim dos meus dias.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=237334