
VALENTE CAMPONESA
Data 04/12/2007 06:13:58 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| VALENTE CAMPONESA
 Quanto esforço fazias, no tear! Transformavas os galos em capões; Serás eternizada, camponesa! Com mezinhas, suínos vais curar; Resta-nos de ti tais recordações. Mas ninguém foge às leis da natureza!... Viveste sempre no Faial da Terra; Foste uma esposa e mãe bem dedicada, Porém ninguém conhece a tua história. Quanta nobreza um coração encerra Quem riquezas não tem, não vale nada! Sendo pobre, mulher, morres, sem glória!... Com lágrimas, venceste a adversidade Nunca viraste a cara à dura luta Que, sem tréguas, tiveste, em toda a linha! Foram imensas as dificuldades, Em que a voz da miséria, fera bruta: Nem em todas as festas há galinha… Tens cinco filhos; um deles morreu, Quando contava já catorze anos Ficara surdo, tende meningite. Após tal morte, um, cego, nasceu. Chora esta mãe amargos desenganos Mais um sem ver! Que a dor ninguém evite! Oh, nunca os dois mais novos hão-de ver Toda a beleza e horrores que há no mundo! Serão sempre uns inválidos, na vida! Tortura-se a mulher: - Que hei-de fazer?!... Mas esmaga o tormento mais profundo: - Resistirei, para lhes dar guarida! Aos poucos vira a dor conformação! Aquela mãe terá de resistir, Para valer aos filhos, que são gente! Sangra-lhe em demasia o coração! Mas cerra os dentes: vemo-la sorrir, A sufocar o pranto, amargamente!...
Mas que mal fez a Deus a criatura, Para ter um castigo tão cruel?!... Eis o que o povo desta aldeia pensa! Já resignada, pouco se tortura; Desempenhará bem o seu papel, Sendo mais forte do que a dor imensa!
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