 
  
    	CABOCLINHO D'AGUA
    	Data 17/12/2012 12:47:32 | Tópico: Contos -> Humor
 
  |  Dicidido moiá  minhoca antão fui batê anzole... Mais dessa veiz eu fui suzin! Tava amolado da companhia duns -amigo meu do tipo pescadozin piqueno e num quiria quarqué um me acompanhano, não. -  Vara na mão, lata de minhoca e lá va-i-eu pru corguin. No camin topei com um homizin piqueno, baxotizin, munto istranho; Oiei pa -trais e ele tava mi-oiano   -   daí a pôco cumeçô me acompanhá de longe iguárzin um cachurrin prus canto da istrada. Azucrinado, antão pensei:  - será oquê esse cabocrin tá quereno? Será quele vai ficá grudado ni -mim?! Cheguei na berada do rio dicoquei nu carcanhá e tô ali inrolano um pito   -  e  o pantasma vei-vino inté apariá do lado sem falar um “A”;   Ficô me oiano com rabo de zoi amoitano a carinha de sem-vergonha   -   a hora quieu oiava pr’ele, ele virava o fucin...  Comecei a ficá de duda com aquilo, passei a mão num pedaço de bambú, peguei um terrão bão e puis perto de mim  -  pensei: Se ele quisé uma marquerença quarqué eu como ele nu bambú!!! Tirei as traia do imborná, puis a minhoca no anzór joguei n’água e comecei a pescá,  deu que tava prestano pra –pegá, diveis incondo pinicava e eu levantava um lambarizin e já jogava no borná; E o pestelento du “trocin” de butuca num falava nada  -  agachado e iscorado na munheca ficô;  -  mais eu via condele me oiava dispistado e trucia o pescoço de banda. Passô uma hora e meia e o cabocrin acocorado só me oiano sem dar um pio; Passô 3 horas e o danisco só zoiando... Já no finarzin do dia cumeçano a escurecer eu já mei-qui assombrado com aquilo dei na teia de oferecê uma varinha das -mais -fina pra ele inhantes que o breu na noite butucasse: -  Ôh mininim, qué pescá um cadim? E o cabocrin respondeu: -  Deus me livre moço, tem paciênça não sô! - Condele falô ansim eu trimi e arripiei o cabelo da cabeça inté o chapéu balangô! - Num têm paciêeeença, de quê, de pescar? E o qui-ocê ta fazeno aqui antão esse tempão me oiano?  -  Falei batido com ele!!! -  Ele garrô e virô a carinha di sem-vergonha traveiz, e num mi -oiava pur-reza braba ninhuma; Raaapaaiiz!!! -   Mais num é que esse mulequin raiô comigo   -   levantô de onde  tava agachado e rancô du imborná um chaproca de facão inté lumiano  e foi falano na maior artura com voiz de taquara rachada, inté subiano: -  Eu sô protetor de pescador e guardadô dus-rioooo! - E já foi pulano pra bandicima dum barranquin... e sartava dum lado pru outro sem parar, quiném saci-pererê. - Na mema hora me vei nas -idéia:  -  Aaaah....  Isso é sombração! - Eu peguei um terrão e joguei nele...   Ele arredô ligero e pulô pra-trais dum ôtro barranquin;      -  Eu mais qui dipressa  -   mão nu bambú  -  e gritei: -  É mió cê num vim cá onde eu tô não  -  eu tô airmado! (nesta hora o apareio do intistino desarranjô de tanto medo qui-eu-tava daquele troçin isquisito) ele era baxin, piludin, uma-zunha puntuda, e a cara dele parecia um home com munta fome. -  Ele oiô pra mim e eu pr’ele, nos aprofundamo nu oiar,  ai ele feiz uma cara mais feia ainda   -   arisurvi  incará ele tamém no branco do zói...  - Foi nessa hora que eu vi o erro que cometi   -  ele partiu pá -riba de mim dinhuma veiz...  Num teve ôtro jeito nos agarramo e foi uma luita medonha naquele brejão sem fim... Nu cumeço da briga ele tava levano a mió, além de me dirrubá du barranquin onde travemo a luita ainda me insurtô fazeno mizura pra eu  -   arripiado, pariei dibaxo du subaquin dele  garrei no seu pescocin e já dei um solavanco,  um gorpe certeiro, e lancei ele na fundura du rio. -  Dusisperado com -aquela narquia e fragelo gritei:  Aí -quié seu lugá cabocrin d’agua, demôno!!! -  inté parece mintira mais é a pura verdade a hora quele bateu n’água ele cumeçô a me gritar pru nome, ai falei ansim cumigo memo:    -   Agora danô tudo! -    Cumé qui-ocê sabe meu nome bichin? Ai ele debateno n’água falô: eu num sei nadar não mandruvachá... -  Hannn,  num sabe?  -  Ocê num é o cabocrin d’agua,  veíaco?! -  Retruquei na cara dura!!! -  Não mandruvachá, eu  sou u tunin! -  O  tunin treis cruzêro?   –  perguntei. – Éh, é -ieu mêz!!! - Mais cumé-qui-pode Tunin   -   ocê num gosta de água, uê!? Foi nesta ocasião que discubri que quem virava cabocrin d’agua era Tunin 3 cruzêro  -  amigo do padre.
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