A MULHER CENTOPÉIA E A FINITUDE HUMANA

Data 19/12/2012 00:04:03 | Tópico: Poemas

Setembrina
Ela era
Primavera longínqua
Mil novecentos e guaraná de rolha
Centenária centopéia
A vida foi- lhe conferindo
Medalhas e pernas.
A mãe do ano
Máter dolorosa
Operária modelo
Meretriz apedrejada
Joana, a da fogueira acesa
Estrela pop
Musa do rock
O mito máximo
De Vênus
Platinada
Histérica, enfim
Básica.

Centenária dúvida
Nunca houve de responder
A questão primária:
Che vuoi?
A boca e o nariz se movem
Quando ela fala
E quando sorri
Dói nos dentes
E na alma pisada.

Mulher centopéia
Salto
15 agulhadas
No rim esquerdo
Da estrada.
Avara
Guarda cem pares
De sapatos
Para cada pé.

Um dia há de morrer
Mas, maquiada, de pé
E sobre os saltos.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=237825