Pelo que somos

Data 30/12/2012 14:25:26 | Tópico: Poemas

Com a alma desossada
a perpetuar faúlhas de emoção,
sonos soltos na noite
e a voz inescrutável da vida
com as palavras escondidas nos detalhes
voláteis fervilhando dor
como exorcistas que saram mas não curam
no cárcere de uma parábola,
pigarrearam nas mãos torpes
vendavais de lividez
chispadas de profundas ausências
onde os gestos morriam simples
nas mãos do sonhador…

Com os olhos tolhidos pela aurora
e os gritos guturais
no rosto ressurgindo do nada
acordo as severidades meigas
pela janela da minha vida
onde contemplo o riso do tempo
com ganas de bonomia
enquanto o embaraço dos dias
se esvai, a escapulir-se na faina
das minhas imparidades,
pela promiscuidade obscena
em que forjo a fúria da voz
a aclamar o espírito do corpo
nessa paz firme em mim
que o coração torna gentios sentimentos

Pelas vestes que trajam
há amigos mais chegados que irmãos
pela verdade que plantam,
alados bramidos que nos ungem
os sentidos despertos
em que somos gente que sente
o esboço dos nossos dias



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