
Falanges
Data 31/12/2012 11:58:48 | Tópico: Poemas
| .
Não te atormenta a vida? Este estar aqui sem propósitos, cem precipícios. Mais de cem. Desde o princípio a lembrança vem apenas do ponto no qual percebeu o incômodo. O cômodo no canto do quarto, a quina do dedo. Ora, dedos, para que tê-los? Viver para ter dedos, viver é ter dedos, encher a mão, plantar mudras no chão. Não me rele, não me toque! Mãos que uso em tato para desbravar o mundo, Mãos que aperto, secas quando chego ao mundo desbravado, quando levo minhas mãos lá no mistério, quando sinto medo. Mãos que junto em prece ou levanto aos céus enquanto clamo pela injusta causa de haver dedos, mãos, mim. Pela calça justa que é viver sob a mira dos dedos alheios. Por tudo, enfim. Sobretudo, o fim.
.
|
|