Homonoia

Data 03/01/2013 00:18:51 | Tópico: Poemas

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Sou cientista,
macumbeiro,
mago,
poeta,
artista.
Minha ciência
é coreografia
da natureza
das coisas.
Quem dança é meu santo,
quem baila
é orixá,
é anjo,
é guia,
é luz.
É sina.
Sinal de santa cruz
em meus gráficos
de ordenadas
e abscissas
de barrigas abertas
parindo fatores
e milagres.
Eu manipulo a variável
na encruzilhada,
dedutivo-hipotética
entidade antitetânica
e antirrábica,
o cão chupando manga,
pontos,
equação.
Minha poesia
é sempre o rito
do experimento,
é sempre a invocação
ao vento
de algo outro
(nem sei se santo)
que vem lamber a prece.
Meu poema é polpa
de alimento luz,
meu poema é um ponto
em cruz
nos eixos cartesianos.
Não há divisão,
não há limites.
A natureza que investigo
e descubro,
é o deus que grita
ou chora
ou chove
ou lamenta
meu poema
em letras.
Arte,
Ciência,
Religião,
tudo eco
do mesmo ão.

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