.
Sou cientista, macumbeiro, mago, poeta, artista. Minha ciência é coreografia da natureza das coisas. Quem dança é meu santo, quem baila é orixá, é anjo, é guia, é luz. É sina. Sinal de santa cruz em meus gráficos de ordenadas e abscissas de barrigas abertas parindo fatores e milagres. Eu manipulo a variável na encruzilhada, dedutivo-hipotética entidade antitetânica e antirrábica, o cão chupando manga, pontos, equação. Minha poesia é sempre o rito do experimento, é sempre a invocação ao vento de algo outro (nem sei se santo) que vem lamber a prece. Meu poema é polpa de alimento luz, meu poema é um ponto em cruz nos eixos cartesianos. Não há divisão, não há limites. A natureza que investigo e descubro, é o deus que grita ou chora ou chove ou lamenta meu poema em letras. Arte, Ciência, Religião, tudo eco do mesmo ão.
.
|