O problema não está no amor, mas na maturidade de quem o administra

Data 03/01/2013 14:02:56 | Tópico: Crónicas

O que acontece no nosso lado de dentro quando a pessoa que amamos passa a ocupar o espaço do seu coração com outra pessoa? Percebo de repente que a solidão é uma condição humana muito difícil de aceitar. Cobrimo-nos com um manto de hipocrisia e relações sintéticas que nem percebemos o quanto sozinhos estamos.
Por insegurança e egoísmo queremos a pessoa à disposição para preencher a nossa carência depois de uma rasteira. Vive sua vida da forma que bem entende, submete as aventuras, conhece pessoas e se diverte. Mas, injustamente não permite que o outro faça o mesmo, porque ela precisa ter alguém como um “porto seguro”.
Atitude é a melhor coisa, principalmente quando sabemos que alguém te quer como reserva. Porque ninguém pode entender a dimensão da dor do outro, a necessidade do outro, nem a vaidade do outro. Porém, sabe perfeitamente qual é a sua dor e necessidade, inclusive, sabe o tamanho da sua vaidade, razão que te convida a não aceitar preencher o vazio que não foi você quem deixou.
Quem nunca foi iludido por alguém com muitas palavras bonitas e atitudes migalhas? Depois percebe que tudo aquilo era somente para te manter por perto e que nada vinha do coração. É muito comum pessoas passarem por situações como estas.
Assim, muitas vezes tripudiando dos simples mortais, o amor segue seu rumo, você recomeça e passa a amar outra pessoa. Mas, será que o primeiro escolhido aceita que não é mais exclusivo, não é mais amado? Às vezes sim e muitas vezes não. Ele não aceita que não tem ninguém esperando por ele quando seu atual amor não tem segurança.
A certeza de que tem alguém que te ama, mesmo quando não se pode corresponder é algo importante para o seu ego, de pura vaidade, eu penso, mas, de extrema necessidade para um ser humano pecador. Ele não liga para o que era para ser, determina sua escolha e segue. O egoísmo não permite que se veja além.
Entendo que, o problema não está no amor, mas na maturidade de quem o administra, alguns vão com muita sede primeiro ao amor e não a maturidade. Se não domina a si próprio é incapaz de amar alguém e o amor é confundido com o egoísmo.
Quem ama jamais prejudica alguém. Enquanto a obsessão, a loucura e a ganância em ter para si uma pessoa como propriedade é totalmente prejudicial. Não podemos delegar aos outros a nossa escolha que muitas vezes chamamos de felicidade. Portanto, não julgue seu sofrimento, sua perda, ou sua angustia no fato de não ser correspondido no sentimento afetivo.
Honre sua escolha e aceite a escolha do outro. É dignamente importante aceitar a superação de quem ficou, aceitar que o outro recomece e que te exclua, se for o caso, uma vez que, foi você quem decidiu partir. Não faz sentido ficar sondando se não pretende uma reconciliação. Se não quer mais deixe o outro partir.

Alva Xavier


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