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A mosca e sua paixão pela fresta da janela que abro. Nunca tenho sopa, ela nunca pousa. A mosca passeia em zumbido árido pelo cubículo-lar. A mosca enxerga linhas divisórias etéreas e outros prismas. Baila colorida no meu ar. Ai dos insetos! (que invejo menos) mas invejo pouco, por poderem voar. Ai de sua pequenez diante da minha maioridade aerosol. Quando aponta na fresta, mentalizo a mensagem e envio ao astronauta-mosca. Não há sopa, não há pouso, não há paciência para seu ganir em zum. Zumba! Zabumba! Zumbaio você, mosca, e peço que vás, pela fresta, de ré ou em festa, antes que eu determine sua sina, sentença de morte. Maldita sejas, por não ouvires. Eu, D-limoleno, Rayd, protector em meu zum artificial e letal, embriago-a, mosca. Zabaneira barata por odores, danças no olor de laranjais, a fragrância do fabricante. Sua morte flagrante nesse mesmo ar meu. Enveneno-a e homeopaticamente, a mim. Mosca de matar-me de raivas ancestrais de seus pousos conspiratórios nos pires do meu oratório. Acompanho sua última dança mais zumbida que nunca, viras kamikaze e joga-se brutalmente no meu quadrado chão e giras enlouquecida como se risse em zum contínuo, quase cigarra. Morres. Fito o quadro funerário e a carcaça já não jaz; nunca acho os corpos delituosos. Em ossos, Raul lembra que se mato mosca outra vem, de algum lugar. Eu digo, vem do além. É a mesma mosca a voltar. A mesma ancestral da sopa genética milenar, do mar de onde saí. A mosca evolutiva, mentecapta, reencarnada e aflita para vir, ir, voltar e dizer em zum: - não adianta - zurzindo ziquiziras. Mosca necrófila fiando a fila do meu azar. Animalia Insecta Desinfeto-a, enquanto posso. Volte enquanto puder, Cumpra-se a sina, tua, mosca, e minha.
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