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    	Data 05/12/2007 13:19:43 | Tópico: Poemas -> Introspecção
 
  |  CAIS PARTICULARMENTE IMPERMEÁVEL
 
  Quero me ancorar no porto Onde a maioria de nós ancora: O seu espaço é altruísta, aberto A qualquer um que nele Queira vitaliciamente fazer o seu réquiem. Réquiem qual embarca no veleiro do sabor da brisa Dos idílios vividos: sim, na brama da saciedade, adormecidos.
 
  Mas o problema que inquinodoa tal perspectiva Sou eu: mar de malogros, cobardias e torturas. Sou o meu próprio obstáculo: basta dizer que, Quando um ânimo leviano me ataca, aos afagos, A sombra da irresolução logo em mim paira inexorável. Ah, o amargo das tormentas dum homem-barco  Vivendo no trapiche melancólico do naufrágio-fracasso!
 
  Eu, enleado á bruma dos meus medos, Fico a paralisar as ações da minha vontade, Que sempre fica a querer rumar, O quão mais rápido possa, Para o porto-comuna da máxima glória.    Ah, morar eternamente no tornado benfazejo do éden,  Onde chegam as almas teimosas!
 
  Contudo, a inação, com seu riso sardônico, me suplanta. As chagas cicatrizadas reabrem: novamente afloram, inflamam. Domam-me, porfim, outra vez, os demônios de outrora. Ah, ode que ecoa nas sáfaras portuárias da minha memória. 
  JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA gavetadoautor@uol.com.br
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