Parede 1

Data 09/01/2013 01:09:05 | Tópico: Poemas

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Cabeças de poetas
de olhos abertos
e verso em riste.
Os mais tristes,
ou mais loucos.
Pretos,
brancos,
doloridos.

A árvore da fresta
da janela
é mimeografada,
roxa
e cheira a álcool.

A galinha de Clarice
voando astronauta
no mar-éter,
mãe do ovo óbvio.
Sem cabeça.
Na cabeça da galinha
fogo
das ventas de poetas
sem cabeças.

A cortina
da janela
é papiro do Egito,
hieróglifos
de tinta acrílica no papel.

A prisão do passarinho
do Quintana
é entre
a árvore seca
da bruxa-fada
também roxa,
no céu roxo,
e os infernos -
pintura psicografada
por um autor
expressionista
falecido,
hedonista
fatigado.

Turvo,
turvo.
Escuro e vermelho,
linhas dividindo nada.
Linhas divisórias,
linhas ilusórias.

O relógio sem ponteiro,
marca nove e vinte.
O ponteiro do segundo
é uma espada de São Jorge.

Xangô dançando capoeira.

A carta 7 do tarô.

A máscara no toco de pau.

Modem, caixa de som, .

O rodapé,
o chão.

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