
Prefácio Encruzilhadas por Ana Stoppa
Data 11/01/2013 15:41:27 | Tópico: Prefácios
| Complexos labirintos, obscuros caminhos, paisagens estáticas permeadas de cinza,desafios por vencer na rapidez imposta pelo tempo. Desabrocharam as inocentes flores campestres perfumadas de sonhos. Viu-se a transmutação da paisagem, primavera tardia, flores ausentes. Viver transformou-se em uma insana e, por vezes, dolorosa luta em meio aos pontiagudos espinhos da realidade descortinada sem pedir licença. A exuberância das flores, o frescor da primeira primavera, a harmonia das pétalas, tudo fascinante, tudo tão perene! Foram-se os ramalhetes, os botões, os caramanchões perfumados. A terra fértil tornou-se, pela ação do implacável contador da vida - o tempo, estéril, dura, silenciosa, amarga, tristonha, estéril. A árida vegetação formou, com incrível rapidez, canteiros demarcados pelo crescimento assustador das pragas, galhos entrelaçados, labirintos, tornando impossível desvendar caminhos outrora amenos. O breve existir assemelha-se a labirintos. O amor revelado nas flores e as dores nos espinhos que surgem em abundância,estabelecendo a sintonia entre sonhos agonizantes e a dolorosa realidade. Como a primeira rosa matinal, surge a menina lívida com os olhos orvalhados de inocência. Em um mundo infinitamente azul, encontra o príncipe de contos de fadas e experimenta o desabrochar do amor. Anseios, receios, medos, segredos, desejos infindos, tortuosas estradas, encruzilhadas, labirintos, renúncias, paisagens, miragens, lágrimas, nostalgia, coragem. Os caminhos percorridos na dança do existir tornaram-se etéreos palcos para as escuras teias tecidas pelo amor distanciado. Para iluminá-lo, a alma precisou lançar mão de todas as estrelas guardadas no embornal da esperança, impedindo assim a morte prematura do espetáculo. Imortal - assim se desnuda o amor que a obra descortina. Porém, o tempo encarregou-se de construir poderosas trincheiras,onde pereceram sonhos esmagados pela realidade quando, em meio à encruzilhada, optou por dizer adeus no momento em que o coração implorava para ficar. Indiferentes ao sofrimento concreto desfilam lembranças como que fotografias guardadas nos porta-retratos da alma, preservando aromas, cores, momentos, paixão, amor desmedido. Em meio ao caos,s chagas, grita o peito, chora a saudade. Gradativamente a cura, o secar do pranto, a força para carregar a saudade – é preciso seguir. No vendaval das expectativas colhe, vez ou outra, flores do afeto, experimenta o perfume, se reinventa, como passeia com galhardia através das letras, mesmo sabendo dos raros momentos, dos labirintos, das encruzilhadas. Mais que uma surpreendente obra, este livro escrito pela talentosa Su Aquino envolve o leitor, de forma intensa, diante do generoso compartilhar da emoção. Ana Stoppa
(O livro ainda não foi publicado)
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