TESOURO SOMENOS

Data 22/01/2013 13:26:26 | Tópico: Poemas -> Reflexão


Hoje em dia.
Apesar de vivermos
Numa era caudatária
E signatária da temporal divícia
(a mais nova contempladora inconteste)
Da homo sapiens espécie,

A centelha da vida
É de sobremaneira
Inerme, imbele, tíbia
Como a utopia sobre um orbe comunal,
Plasmado pela suprema arquitetura
Do altruísmo, deferência e da candura:

Castelo de areia
Que se esbarronda
Quando uma leve corrente de ar
O abalroa em suma!



Ah,
Toda esta ostentação
Da fugacidade
Faz-se
Quando os priores
Pertencentes á ordem
Da calota de gelo

Convocam os dragões metálicos
A cuspir fogo contra a urbanidade,
Contra o direito de desfraldar o pendão
De sermos oceano Atlântico
Ou deserto do Atacama;
E contra a flor do arco-íris,
Que --- no céu do Pindorama ---
Viceja, frutifica e se agiganta.

A verdade --- qual cega feito ofuscante luzerna ---
É que jazemos submersos
No volutabro cor de Nero:


Gestando lençóis freáticos
Opimos de hemofilia
Que transformam vampiros sociopatas
Em magnatas reverenciados
Por compatriotas de Abraham Lincoln:
(imarcescível embora deverasmente morto);
E pelos perpétuos camaradas de Stalin,
Reencarnado num fulvo e atarracado Corpo.

Ah,
Mátria ebúrnea,
Sofres com as sevícias
Opróbrios e opugnações
Que os filhos (imediatos ou mediatos) te impõem
Sem --- ao menos ---
Uma lágrima de indulgência, de compaixão:
A pedra bruta da cobiça pela exação
De auríferos patacões
É a fonte de energia
E a força motriz
Destes matricidas corações.


Oh,
Cosmo de portentos
Sem agrimensura,
Porque --- do alto
De sua etérea e fúlgida
Envergadura ---

Deixaste que a cepa parasitária
Mais hedionda, soez, poluta
E digna de repulsa

Eclodisse, grassasse,
Ascendesse ao púlpito
Da citológica tortura:
Sítio onde os leucócitos
Prosperam em turbamulta?

Afinal --- hoje em dia ---
A cada esquina por que passamos,
Deparamo-nos com o ermo
Inodoro --- ainda que morfético ---
Ou nós mesmos fazemos desertos:


O garimpo do sol
Torna-se um lavradio difícil. Por isso,
Alguns de nós rogamos (bem solícitos)
Para que a aureola da sorte nos ilumine o caminho.

Assim é o existir dos primatas ínclitos...

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA



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