Das esperas demoradas

Data 27/01/2013 10:35:16 | Tópico: Textos

Ás vezes, se estiver muito quieta, oiço cair o tempo. Ainda que este vá caindo lentamente, é impossível não lhe ouvir o estrondo ensurdecedor, quando se estatela sobre a impaciência das esperas demoradas. E, seja onde for, há sempre quem espere por alguma coisa e até por coisa nenhuma...
Se estiver sentada, tanto melhor, visto que ao olhar em volta, depressa me apercebo da exiguidade da sala face à quantidade de gente, que, tal como eu, também cumpre o martírio da espera. E, por mais que pareçam tantas quando vazia, as cadeiras são tão poucas que seria uma loucura abandoná-la. Aí, para desentorpecer as pernas e me abstrair do estrondo da queda do tempo que não me apetece continuar a ouvir, tiro o livro da mala e abro-o na página do separador. Dou então início ao meu pequeno passeio, que, ainda que seja breve e pequeno, tenho a certeza de que me levará para bem longe dali.



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