Versos inimputáveis

Data 19/02/2013 01:26:59 | Tópico: Poemas

Há em mim
Um pêndulo
Que oscila
Entre um gentleman
E um neanderthal.
A civilidade convida-me
A conviver com o inimigo,
Dando-lhe a outra face;
O instinto ordena que mate.

Indagado sobre se ama
A humanidade, responde,
sentindo gosto de hemácias na boca:
Gosto de facas,
Que cortam cabeças,
Que dilaceram vísceras,
Que esquartejam membros,
Que perfuram carnes,
Que vazam olhos,
Que aniquilam músculos,
Que quebram ossos…
De obsidiana ou de inox
Gosto de facas…

(O cérebro manda dizer
Ao último neurônio
Que o pulso ainda pulsa,
Ainda que com um fino jorro
De sangue…).

(Danclads Lins de Andrade).




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=241787