Quero-te ver de manhã num recato pudico, envergando a camisa que me despiste na noite anterior. Quero sentir em ti a preguiça da lágrima da chuva que escorrega lentamente na vidraça, translucida como os segredos que me revelas em gemidos baixos ao ouvido que te sente em cada rastejar húmido que lhe ofertas. Sinto-te ampla nessa oferta, porém pequena no abraço em que te envolvo, num ninho onde te redescubro de cada vez que desço aos teus segredos. Uma noite profunda raiada por clarões madrugadores, orgasmos de mares salgados, temperados pela sede da redescoberta, sempre em crescendo sem nunca me saciar. Dá-me de novo amanhã a mesma sede. Deixa que o meu abraço te aninhe sempre, assim pequenina na enormidade do meu desejo, translucido, na manhã prenhe de preguiça escorregando lentamente no teu ventre.
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