Da estranha anatomia dos ventos

Data 01/03/2013 23:21:46 | Tópico: Poemas

Vens lavar-me os pés com as minhas lágrimas

Perguntas-me pelos poemas para me enxugares

E eu, como um arroto de Deus, como um sapo

Expludo em pés de laranja-lima, depurado



Mais tarde, no recanto absurdo de um coração

Planto hortas, corto voos aos patos, mato galinhas

Sou muito mais que uma navalha, o corte



Rio-me de pássaros, rasuro aviões que passam

Jogo à bola com um sorriso de trapos



E no mais recôndito de um afago

Entre o desejo e a carne

Há um veleiro morto num quintal



Pode soprar o vento por umbrais

Pode haver um querer maior que cais

Pode haver facas onde nunca se suspeitou de

punhais


E o amor ser até um somatório de coisas banais



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