Combatendo as teclas
Data 02/03/2013 13:41:46 | Tópico: Poemas
| Pesa-me um verbo, tenho sobrancelhas circunflexas, quase caídas Um «carocha» assassino rebenta quando estou para te dizer que te amo Uma flor de chumbo é tão leve que o teu sorriso mais parece uma goma
Faço-te bolas como filhos Salto ao eixo com essa estranha malícia que trazes no beijo
E se me perguntas porque cardo as sombras à procura da luz Respondo-te por anagramas Por melancólicas noites em que subtraímos gatos por cães E os telhados enfadonhos cantam espécies de fados às luas
Pesa-me um modo e um advérbio Pesas-me tu sem saberes sequer que te peso As unhas dos dias São catedrais que deixamos crescer Até rasgarmos o sol ao meio
A dor em três quartos de fel, néon de hotel, tédio
Pesa-me este cacto na boca que se chama canto Pesam-me os que me pesam como abóboras tontas Os seios dos dias, as crianças sem pais, as ervas daninhas no leite
Dói-me uma dor, que de tão forte ri A-final de contas
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