Data 05/03/2013 20:45:22 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
Do Sangue Que Me Corre Em Teu Nome
Meu doce amor fiquei tão triste , hoje e ainda ... será que o papel e tinta que me ensinaram serem a essência de tudo o que é vida - acredita-se que Deus escrevia antes de criar o mundo- ditaram a sentença que (me) matou a palavra desenhada? e palavras são águas caligráficas que a boca aprende , trémula e sequiosamente , a sorver no mais sagrado rio : - o leite materno ! e palavras são ventos , ar ! , que os ouvidos aprendem a escutar no mais belo espaço : - o lar ! porém , minha única , cada letra que digito estremece-me , quase até rebentar , como um terramoto esventrando a terra , e , ó amor , não é a terra é o meu corpo (este meu corpo que me falta) porque é teu porque vive , ó sombra ! , abraçando desesperadamente o mais pequenino sinal da tua presença , ó sol ! (talvez apenas o delírio seja real...) Entretanto ausente de entre e vazio de tanto fiquei tão triste , hoje e ainda ... porque .... tenho papel , tenho tinta mas não sei escrever(te) as lágrimas felizes que viajam neste dia nem as ideias banhadas pela sagração da tua imagem muito menos o sorriso do caminho em que tu és eterno jardim de estrelas (acredita-se que as flores são Deus labutando com os astros pelo equilíbrio do universo) alongo-me , minha querida , nesta estrada vertical que por vezes vira retrato quebrado no chão duma casa em ruínas e deste amor que de tão profundo e imenso reduz todo e qualquer infinito ao infinitamente pequeno que foi que a minha (in)capacidade de soletrar verbos carinhosos , num ápice e antítese , (não)te transmitiu ? talvez ... do leite e do materno do ar e do lar os seus ventos eu nada tenha aprendido... se calhar nenhum de nós nasceu para aprender ... se calhar ... nascemos , somente , para nos encontrarmos e ... não é isto muito mais do que o bastante ? ...