Deixo o lençol de cetim preto que presenciou e se encantou com o nosso amor na nossa última noite, deslizar sobre o meu corpo,numa tentativa vã, louca,desesperante de sentir as tuas pernas, as tuas mãos,a tua boca em mim.Passaram-se horas, dias,um tempo indefinido para quem ama,desde essa noite em que o céu se vestiu de antra-cite quando me disseste:“Amo-te!...A...,amo-te...” e na minha boca um travo a fel senti e na minha alma um “Adeus” me infligiu como uma flecha. Os nossos odores no lençol intrínsecos,essência que desperta a minha volúpia,insanidade que cobre os meus dedos,transporta-me para um tango onde tu és esse lençol que moldei,neste delírio em que me encontro.E bailamos!Entrelaçam-se as nossas pernas,os nossos peitos passam rentes um ao outro eriçando os meus seios,provocam-te os meus lábios rubros num leve beijar,entorpeces-me tu ao o teu corpo no meu enlaçares.Unidos, deslizamos, deitamo-nos no chão.Carícias indeléveis trocamos, paixão e amor transpiramos.“Quero-te!”,digo-te,e vejo-me despida sob o lençol que em meu leito estava.Lágrimas sufocantes de dor, de angústia, correm pelas minhas faces tal rio para a sua foz. Encolho-me e,aqui,fico,até o meu último suspiro por ti dar…