Máquina de letras

Data 11/03/2013 21:49:33 | Tópico: Poemas

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No início do poema,
o vocativo.
O chamado da fagulha
para a explosão semântica.
O poema é tão complexo,
tão imaterial,
para além da palavra.
O poema lava
de um vulcão de outro mundo.
Quando invoco o poema
ou o fantasma do poeta,
não há fuga nem forma deles
para além de mim.
É por dentro da minha pele
que o poema pode ser.
É do útero do meu corpo todo
que ele pode nascer.
O poema só ocorre
do que escorre de mim.
É por isso que leio
ávida e devoradamente
as letras de outros poetas,
e até dicionários,
hinários
e bulas de receituários.
É para dar opção ao poema,
mais cor.
As palavras infiltradas
em mim
são o genoma do poema.
O resto é caos.
Estocástico.

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