Divagações sobre textos bons e ruins

Data 12/03/2013 16:35:53 | Tópico: Textos -> Crítica


Sobre meus textos e poemas, quem vai dizer se são os bons ou ruins, altos ou os baixos não serei eu. Quem os ler vai dizê-lo. Ou não. O certo é que escrevi muitos textos ruins. Ruins mesmo. Vejamos quanto a um autor consagrado. O fato de ser um autor consagrado não leva automaticamente a se dizer que tudo o que dele emana é também consagrado. Acho mesmo que um autor dessa estirpe, muitas vezes escreve por encomenda. Esperam que ele escreva algo e ele o faz. Sem inspiração... Só para satisfazer os leitores. Estes, abismados exalam o “Ohhhhh” e passam a elogiar sem atentar para o conteúdo. O que leva a dizer que uma merda escrita por um autor famoso é uma merda famosa. Mas não deixa de ser uma merda. Todo mundo escreve textos bons e ruins.

Também não se pode negar. Não mesmo. Todos nós temos aquele caderno de Latim ou de Álgebra, cousas lá dos tempos de antanho bem escondidinho no fundo de uma gaveta. Entre as declinações e o 1º Teorema de Pitágoras jazem versos que escrevemos durante as aulas. Mas não estão esquecidos. Lá ficaram à espera de uma oportunidade. Talvez a poesia mude tanto assim que possam ter algum valor.

Para os poetas do período áureo, os poemas dos modernistas não continham poesia. Sem métrica, sem rima, sem estrutura, sem alma ... Não só na Literatura. Em todas as Artes foi assim. O que Giotto diria de Dali? Rafael aprovaria Renoir? E Rodin? Michelângelo escracharia com “ O pensador” ? Um amigo, também escrevinhador dado às égides pré modernistas dizia que eu escrevia assim por que não tinha talento e capacidade para seguir a estrutura clássica. Retorquia que aquilo era rebuscado demais, a rigidez das rimas e da métrica acabavam por dar superficialidade ao poema.

Mas, voltando ao velho caderno de Latim, o alfarrábio vetusto contém escritos de anos idos e que foram relegados à gaveta. Na época não gostamos do que escrevemos. Não destruímos os paridos disformes, esses Quasímodos literários por um amor paterno. E por que, no fundo, achamos que um dia poderiam ter uma releitura. Assim como eu guardo na gaveta uma lâmpada queimada e um isqueiro vazio. Talvez algum dia, o tungstênio existente no filamento da lâmpada possa ser de valia. Para o que eu não sei. O isqueiro? Não sei. Ainda não achei uma utilidade para ele. Mas continuo procurando.



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