MANDA CHUVA SINHÁ

Data 14/03/2013 14:46:57 | Tópico: Poemas

O sabiá canta, canta, canta sem pará...
Numa maistria singulá gurgeia triste o solitário sabiá.

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

Ele sempre aparece lá in -casa
Da pitêra vuô pra laranjêra
dispois posô na úrtima régua do currár;
Paricia afoito, disorientado...
Mais, seu sembrante cansado num te impidia cantá!

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

Cantô tanto qui paricia num suportá o peso das próprias -asa
Qui di-tão pesada arrastava no chão;
O sór tava mémo a assolá o sabiá que insistia cantá.

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

O tempo era de seca, seis mêis qui num chuvia
a coisa tava feia nem brisa nem ventania
o ar tava parado as foia nem mixia
e no arto dos serrados arado ocê num via...

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

O fogo in -labarêda consumia matas em preservação
morreu cobra, macaco, canário, jurití, inté azulão...
os qui iscaparo tivero qui ritirá, tristes da vida como aquele sabiá;

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

Passava de trêis e meia condo o tempo foi fechano
inhanti das quatro da tarde o sór já tava entrano...
O sabiá curioso pru céu ficô ispiano
o revorto das nuve qui dipressa vinha chegano.

Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá.

Desta veiz, bem mais animado, vuô pra grimpa du laranjár
De onde assistia a vaca maiada desceno para o currár
a cabra montês com sua cria qui-dava sarto de aligria, e
festejava a chegada daquele tão isperado dia.
No chão moiado criscano os pézin curria riscano as-asinha
brincano e pulano iguár minino macho - filiz da vida -
agora sem supricá: “manda chuva sinhá”.

"CLIQUE AQUI E OUÇA NO CAIPIRÊS"


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=243590