Chove

Data 16/03/2013 13:50:54 | Tópico: Poemas




Às vezes deixo-me nascer,
por entre os pingos da chuva
e, sonâmbula,
sair estrada fora,
no choro solitário
da contagem decrescente do tempo.

Todo o corpo me dói e ainda não sei
como diluir os ecos das primeiras águas.

Ergo castelos de areia,
com as páginas de um livro em branco,
parecem abrir-se matizes de girassóis,
hinos a rasgarem o vento
e são dos meus olhos
as nuvens que habitam o deserto.

Transformo em coração de tília
um mar desalinhado
e saboreio o toque aveludado
da primeira floração de março,
nos degraus de um tempo a acontecer
muito longe daqui.


maria


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=243729