não há relógios neste país

Data 18/03/2013 14:01:30 | Tópico: Poemas





pernoito na precária vida
à procura dos andaimes onde me construí
das pálpebras de cal a erguerem betão
dentro de uma cidade de pedra

as minhas mãos calejadas de fome
gritam dentro de uma gamela de cimento
os muros desta infame democracia

não há relógios neste país
nem mártires da liberdade
só estátuas partidas e animais
que comem a sombra diurna dos demais

pernoito ao relento
neste resoluto escopro onde voltarei
a içar cravos e a caligrafia dos pássaros

Concurso - audaz fantasia

Conceição Bernardino



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