Eu pescador

Data 18/03/2013 18:39:06 | Tópico: Poemas

O mar, aquele mar
cantado na litania da velha,
cutuca os ombros, desequilibrando os pés
no silêncio vagaroso da noite
negando o sonho pequeno.

No mar, naquele mar
cochilo em espasmos
imagens que forjo nas pálpebras.
o corpo, sombra que dói
eu pescador, enredado nos anzóis
repuxo uma queixa suave.

No mar, naquele mar
as velas dos barcos disfarçam
a fumaça tímida dos vícios.
Ondas de enjoos,
a gratidão de culpados
é armadilha sorrateira do interesse.

O mar, aquele mar
esgota o olhar conformado
ensaiado todos os dias,
olhar lascado de longo
humilha as pálpebras, afoga o soluço.



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