
cheiro de mostarda
Data 20/03/2013 11:34:54 | Tópico: Poemas
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debaixo de um viaduto numa noite quente de março uma barraquinha vende cachorro quente ao lado um vendedor de flores exibe dálias e crisântemos meio murchas num balde de água suja expondo bilhetes de loteria matizando em mil cores aquelas fatias de vida banal
noites cálidas o décimo sexto dia, de uma noite tépida de março a barraquinha de cachorro quente debaixo do viaduto exala mostarda o vendedor de camiseta branca com um gorro encardido fuma um cigarro entre os dentes misturando o cheiro do fumo ao cheiro doce da mostarda limpa crostas de gordura com uma espátula da chapa de ferro aguçando o olfato dos passantes
sobre os destroços do que foi um carro cães vadios lutam por um espaço enquanto os carros passam e vão senhoras gordas e faladoras ignoram o delicioso odor as pessoas vão cuidar da vida as dálias crisântemos e cães convivem com o aroma da mostarda amarela
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