O Homem cego
Data 22/03/2013 08:59:32 | Tópico: Poemas
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do fundo do balde sem alças a alça arrancada da estrela fria emerge das profundezas da lagoa depois de tudo quebrou a lente o Homem ficou cego mas você o vê impotente ante o frio lá fora vê o céu o telhado e um covil sujas suas paredes de papelão onde há luz sobre cem cabeças que foram cortadas para respirar
há réstias de alho estampados figuras coloridas de papel crepom caem do teto coberto de fuligem o cheiro de fumaça em tudo o que você tocar o que puder tocar o que não vê e não pode tocar os olhos do Homem cego que não têm luz recende fogo e fuligem exala fumaça tente respirar pela palma da mão quando a mão está gelada e branca há neve de algodão há algodão na mão a mão que fia em rocas e fusos estranhos tecidos de alumínio costuradas nas vestes exuberantes das nutrizes mães de virgens vestais que o Homem cego jamais enxergará. sentadas lado a lado no altar de pedra em algum lugar olhando para baixo balançando as cabeças sérias e tranquilas há uma janela e uma pedra na mão do Homem há geada sobre a pedra que quebrou a janela há geada na janela estilhaçada lá fora em antecipação a mão do Homem cego descreve um arco e deixa a pedra no chão de neve
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