
Vem depressa
Data 21/03/2013 21:44:01 | Tópico: Prosas Poéticas
| Adoro quando chegas e me vais despindo, peça a peça, a roupa que trago do frio incolor do inverno. Vens e cercas-me, devagarinho, com amuos e recuos, com ardores temporãos ou sopros de tempero fresco, mas indiscutivelmente apaixonado.
Vens e já de longe sinto o teu cheiro - fruta madura na boca, um travo de sal na pele, uma mistura de odores de bronze, flores exóticas, madeiras secas, céus azuis e praias quentes - na brisa que te envolve e me acaricia.
Vens e fazes-me tomar consciência do meu corpo, que te revelo e desvelo em sedas que quero puras, em tónus que quero firmes, em cores que quero tuas - adoro quando me tocas com a música dos teus tons, e sei o quanto adoras ser eu musa dos teus sons...
Chegas e celebras comigo um amor de vida inteira. Voltas e fazes comigo um amor que me renova...
Vens e fazes-me ter ciúmes do que vais tomando teu: o meu corpo já outono, já outono e é adeus... deixas-me ao frio do tempo, no bulício da estação...
-Não tenham pena de mim, este amor foi sempre assim: visto-me outra vez e espero, para o ano - verão!... - ele volta.
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