Duros, maduros verdes

Data 23/03/2013 16:26:38 | Tópico: Poemas

Guardo os meus azuis num pincel inviolável
à prova de adulterações e telas:
escondi de mim águas e querelas
(não, nunca mais pinto aguarelas).

Vou vivendo os verdes que me crescem maduros
misturados de mim e ensaiados trincando os frutos
-duros.
Engulo a custo – “um pouco de água, por favor”, peço
da travessia ao doloroso caroço
da malvasia ao copo onde regresso...
Mas morro-me à borda seca:
já não me sobra gota ou fio,
reneguei o meu rio.

(ah!...que me adianta ser pássaro sem um canto de meu?
sobra-me a terra, mas falta-me o céu...)



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