O VESTIDO VERMELHO

Data 27/03/2013 02:46:04 | Tópico: Prosas Poéticas

O baile seria na semana seguinte, Ticiana esperava seu vestido ficar pronto ansiosa. Seria coroada a rainha do colegial, por votos muito a frente das outras duas candidatas.
Queria o vestido vermelho para realçar com o loiro de seu cabelo.

A costureira apressou-se pois as encomendas eram muitas.
O vestido estava quase terminado, mas não vestiu a jovem Ticiana:
Ela fora atropelada por um coche desgovernado, pois o condutor, não conseguiu segurar seus cavalos.

Morta no chão molhado pela chuva, Ticiana deixou de ser rainha.
Mas não faltaria no baile: Iria em espírito.
Tomada dessa decisão não seguiu a luz branca, que vinha em sua direção...

Optou por aqui ficar, até que o dia do evento esperado chegasse.
Mirna, a costureira sem saber do que havia acontecido, continuava a costurar o vestido.
Ticiana fora então olhar se estava pronto, mas lembrara repentinamente, que não tinha mais seu corpo para vesti-lo, e ficou muito triste...

Ao olhar seu reflexo no espelho, (que Mirna tinha no quarto de costura) viu-se segurando o vestido tão desejado. Entendeu então, que não precisaria ter a matéria física para vestir:
Bastaria agora, em sua nova condição, desejar e estaria vestida com ele.
Poderia seguir em frente, pois aqui já não era mais seu lugar.
Dois dias depois, Mirna soube então da morte da jovem Ticiana:
Seus parentes foram pagar o vestido vermelho, que sua dona, nunca chegou a usar.
Mas agora, ela o veste e dança, em algum outro lugar...

Fátima Abreu




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