Lusitana 1

Data 12/12/2007 11:29:50 | Tópico: Épicos

Lusitana


Doutor Viriato


No chão a terra sangrenta
Fica pastosa e encarnada,
E no chão ninguém se senta,
Os corpos mortos são pedaços de nada.

Os de Roma jaziam aos montes
Enquanto os Lusos limpavam as mocas,
Recolhiam os calhaus nos horizontes,
Partiam as espadas como maçarocas…

Alguns saciaram com sangue a sede,
Nada se estraga na matança de um suíno.
Vede! Bradava um, Vede!
A cabeça na mão como troféu genuíno…

Alguns ainda comerem a carne viva,
Que a fartura no luso não era tanta.
Melhor que a fome que os cativa,
Antropofagia é um nome que agiganta.

Nunca os romanos encontraram tal povo;
Que é selvagem até a comer
E o medo perseguia-os, mas eram o ovo
De Colombo! Nunca se podia perder!!!!

Depois da Gália e da Ibéria toda,
O orgulho era a soberba e o defeito,
A Lusitânia parecia estar na moda…
E seria destes o maior feito.

Um homem de barbas e mal vestido
Reuniu os seus homens em quadrado
E ainda ferido
Soltou um grito irado!!!

- Até os comemos!
Esses maricas cheios de metal,
Na terra onde vivemos
Ninguém toca, humano ou animal!!!

- Nos meus montes ninguém toca!
Rugiu novamente com pujança,
E ao faze-lo ergueu a moca
E fê-lo cheio de esperança…

A luta tinha sido dura,
Morreu o seu melhor soldado;
E na noite escura
Uivou, chorou, ganiu, até cair para o lado…

Viriato morava numa caverna
com aprumo arrumada pela fêmea sua.
Deitou-se no chão ferido na perna
E dormiu com ela nua…

No dia seguinte fez-se uma anta
Para o seu melhor amigo.
E todo o seu povo se abraçou, e como quem canta
Uivou, a cumprir o castigo.



P.S. – segundo fontes credíveis (vide Ana Belo – mil e tal… nomes próprios) o nome Viriato vem do celta Viria – bracelete…



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