
moscas
Data 14/04/2013 18:09:36 | Tópico: Poemas
| de que matéria somos feitos que arte acabada nos pariu por onde anda a história, a filosofia a trama dos dias, a verdade e o caminho. o céu murchou, Deus desistiu Maria e José foram defenestrados antes do Natal. as notícias não nos dizem nada entram na veia como soro em stereo bebedeira das horas amorfas. é o apocalipse da certeza. deixámos de ser sujeitos na manipulação dos números pelo poder. não se sabe quem é quem não importa pensar, cuidar ou quanto custa também. a razão é um saco de dinheiro roto com cara de futuro morto. os cinco sentidos sentaram-se no velório da sabedoria e enterraram-se com ela. o dizer já não tem o que dizer coseu a boca em transe pelo trânsito para lado nenhum. somos o vício, a vaidade, a prepotência. a garganta na corda deslaçada no abismo, o pum! a humanidade enforcada a despenhar-se num baile de futilidades. nos dedos um cigarro e na ponta o mundo apagado. uma vontade cheia de moscas soberbas, vitoriosas no cinzeiro mesmo ao lado.
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