Tunico Martins

Data 13/04/2013 03:08:46 | Tópico: Contos

Caminhou trôpego, escorando nas quinas dos móveis que ele mesmo fez - faz tempo! Se por um lado, as forças sumiam como o fumo de chaminé, a inteligência era cada vez mais aguçada.

Foi em direção da cristaleira pegou com força o livro santo, temendo uma presepada das mãos embaraçadas. O livro sagrado era companhia sua de muito cedo.

Acumpliciado aos velhos óculos remendados, guardados ali, dentro do livro mesmo, da ponta do banco observou o renque de cáctus fechados feito cerca. Era vontade sua cortar aquilo tudo; estorvo sem serventia.

Na marca dos óculos lê de uma só passada:

“Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?”

Ah, visão espectral. A rabugice de Geralda, resmungona e obtusa não passava de uma inflexão sobre os abrolhos que não servem pra nada. Tá no livro.

Ela que me pague! "


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